ARTIGOS ALLEZ, LES BLEUS!* A imagem do fracasso brasileiro na Copa do Mundo de 2006. A Copa do Mundo de futebol de uma forma geral não mexe com os meus brios. Desde que eu me entendo como torcedor e amante do futebol, provavelmente a partir de 1978 (aos meus 9 anos), cuja lembrança é remota (lembro-me bem de um gol chorado nos minutos finais de um Fortaleza e Ceará, marcado por um jogador franzino de nome Tiquinho, que tirou a chance do “Leão do Pici” ser campeão cearense daquele ano e fez prolongar um jejum de títulos que iria até o ano de 1982). A eliminação brasileira, de forma prematura nas quartas de final, mas justificável pelo mau futebol apresentado nos jogos anteriores, não me surpreendeu e muito menos me abalou. Com exceção da Copa do Mundo da Espanha, em 1982, quando tínhamos, com certeza, a melhor seleção de futebol do mundo e apresentava o verdadeiro futebol arte sob o comando do mestre Telê Santana e que tinha como comandados uma equipe memorável: Valdir Peres (apesar de termos o Leão no banco de reservas), Leandro, Oscar, Luisinho e Júnior; Toninho Cerezo, Falcão e Sócrates; Zico, Serginho e Éder, seleção esta comparável até com a seleção tri-campeã do mundo em 1970, no México, com Pelé, Tostão, Jairzinho e companhia, em nenhuma outra ocasião as derrotas brasileiras (em 1986, 1990 e 1998) me comoveram. Nem mesmo o tetra e o penta campeonatos mundiais conquistados em 1994 e 2002, respectivamente nos Estados Unidos e na Coréia/Japão foram motivos de um ufanismo exacerbado, em virtude do futebol sem brilhantismo apresentado pelos jogadores brasileiros. Um pouco melhor em 2002 que pelo menos teve entusiasmo, determinação e garra, um pouco do estilo Felipão de comandar (vejam Portugal). Para ser sincero, a única partida que consegui assistir completamente os 90 minutos foi a estréia contra a Croácia, era a estréia. As demais partidas assisti na comodidade da minha cama, degustando pipoca e guaraná, entre um cochilo e outro. É mais uma copa para esquecer. Ainda bem que voltaremos pra realidade do nosso futebol tupiniquim (o recomeço das aventuras e desventuras do meu “Tricolor de Aço” no campeonato brasileiro da série A, a elite). E o que é melhor: é mais emocionante porque é ao vivo. Outra lição positiva que poderemos tirar da precoce desclassificação brasileira do mundial da Alemanha é que num ano eleitoral o presidente Lula (eu não mereço) não vai poder usufruir dos dividendos de um hipotético hexa campeonato mundial. Imagine o inexorável presidente (o que não sabe de nada) atribuindo a vitória brasileira ao seu pé quente. Resta-nos torcer por nossos irmãos lusófonos (somos cerca de 230 milhões de pessoas e temos a 8ª língua mais falada do planeta) e pelo brasileiro Felipão. Até a África do Sul, em 2010. *Publicado no caderno “Jornal do Leitor”, do jornal O Povo (Fortaleza-Ce), em 09/07/2006, sob o título “Precoce eliminação da seleção brasileira”. |