JOSÉ
DE ARAÚJO DOMINGUES CARNEIRO
BIOGRAFIA
Busto
do médico mombacense Doutor José Carneiro localizado na praça
de mesmo nome, em Baturité-Ce, em cujo pedestal estão afixadas
duas placas com os seguintes textos: 1º O POVO DE BATURITÉ
Á MEMORIA DE SEU GRANDE AMIGO; 2º DR. JOSE ARAUJO DOMINGUES
CARNEIRO GRANDE AMIGO DE BATURITÉ, ONDE CLINICOU DURANTE MUITOS
ANNOS. NASCEU EM MARIA PEREIRA A 12-11-1873 FALECEU EM FORTALEZA A 7-10-1925.
HERMA FEITA EM QUIXADÁ PELO ESCULPTOR CEARENSE JACINTO DE SOUZA
E ADQUERIDA POR SUBSCRIPÇÃO POPULAR. MONUMENTO SOLEMNEMENTE
INAUGURADO PELO PREFEITO ANANIAS ARRUDA EM 14-4-1939.
(Foto: Fernando Cruz)
José de Araújo Domingues Carneiro nasceu em Mombaça-CE,
a 12 de novembro de 1873 e faleceu em Fortaleza-CE, a 7 de outubro de
1925, aos 51 anos de idade, vítima de um atropelamento por automóvel.
O acidente ocorreu quase em frente à residência da vítima
localizada na Rua General Sampaio, nº 281. Era filho do desembargador e senador da República
José Joaquim Domingues Carneiro (1836-1915) e de Ana de Araújo
Domingues Carneiro (1849-1899). Foi casado com a Sr.ª Maria Stella de
Hollanda Carneiro, filha do coronel Manuel Victor de Hollanda e de Nazareth
de Hollanda, não deixou filhos.
Concluídos
os preparatórios, matriculou-se na Escola Politécnica do
Rio de Janeiro, abandonando, pouco tempo depois, para matricular-se na
Faculdade de Medicina da Bahia, onde obteve, em 1902, o diploma de Farmacêutico
e, em 1905, o de Doutor em Medicina. Sua tese de doutoramento, aprovada
com distinção, versou sobre “Considerações
gerais sobre a demência precoce e delírios paranoides”.
Clinicou alguns anos no Acre, e depois em Fortaleza e Baturité,
sendo considerado um dos expoentes da sua classe. Durante vários
anos foi presidente da Câmara Municipal de Baturité. Em sua
homenagem há em Baturité a Praça Dr. José
Carneiro e, em Mombaça, a Rua Dr. José Carneiro.
De
acordo com o inquérito policial, José Almir da Costa e Silva
(1906-1986), condutor do veículo que atropelou e matou o Dr. José
Carneiro, foi incurso no artigo 297 do Código Penal e preso em
flagrante delito, sendo posteriormente solto em virtude do pagamento de
fiança arbitrada no valor de 3:500$000 (três contos e quinhentos
mil réis). O
indiciado foi assistido pelos advogados Olavo Oliveira e Clóvis
Barreira Fontenele.
O inquérito policial diz ainda que "Alcançando
o auto á victima, jogou-a de encontro a um poste da illuminação
publica, subindo a mesma, com o violento choque, do sólo, numa
altura de cerca de metro. A victima falleceu momentos depois, em consequencia
dos ferimentos mortaes que recebêra, fracturando cinco costellas,
claviculas e homoplata direito e braço esquerdo, além de
grande ferimento na região carotidiana esquerda." (sic)
O
prefeito municipal de Fortaleza, Dr. Godofredo Maciel (1883-1951), logo que soube
do triste acontecimento, mandou encerrar o expediente nas repartições
municipais e hastear nas mesmas a bandeira nacional em sinal de profundo
pesar.
Convite
missa de 7º dia publicado no jornal "O Nordeste", de 10
de outubro de 1925. (Foto: Fernando Cruz)
A
Sra. Maria Stella de Hollanda Carneiro, viúva do Dr. José
de Araújo Domingues Carneiro, enviou ao coronel Solon da Costa
e Silva (1852-1930), pai de José Almir da Costa e Silva,
datada do dia 16 de outubro de 1925, perdoando-o do "homicídio
involuntário" praticado na pessoa do seu marido. O coronel
Solon da Costa e Silva foi proprietário da Companhia Ferro-Carril
do Ceará que explorava o serviço de bondes de tração
animal (existe hoje em Fortaleza a Rua Coronel Solon, em sua homenagem).
O automóvel que vitimou o Dr. José Carneiro foi doado ao
padre Geminiano Bezerra de Menezes (1890-1967), conhecido como padre Nini,
para ser vendido em benefício das obras pias empreendidas pelo
mencionado vigário da igreja do Patrocínio.
Segundo
o jornal O Nordeste, de 8 de outubro de 1925: "Cearense
de grande valor profissional, o Dr. José Carneiro era, pelos seus
sentimentos humanitarios, altamente querido em nosso meio, sendo, incontestavelmente,
um dos expoentes da cultura scientifica no Ceará." (sic)
Médico
humanitário, inteiramente desprendido das seduções
da glória, prestava os seus serviços indistintamente a ricos
e pobres, com igual devotamento e proficiência, sendo, por isso,
estimadíssimo pela população cearense, além
de gozar do mais alto conceito no seio da classe médica.
Em
virtude da sua popularidade, uma grande multidão acompanhou o féretro
ao cemitério São João Batista que foi conduzido por
membros do Centro Médico Cearense. A encomendação
do corpo foi feita, na capela do cemitério, pelo padre Geminiano
Bezerra de Menezes (1890-1967), auxiliado pelo monsenhor João Dantas
Ferreira Lima (1851-1946), pelo padre Francisco Lino Aderaldo de Aquino
(1882-1941) e pelo clérigo do Seminário Arquidiocesano Antônio
Alves de Carvalho.
Ao baixar o féretro à sepultura, usou da palavra o Dr. Edmundo
Monteiro Gondim que, em nome da classe médica, saudou o ilustre
morto. Houve ainda um orador que, em nome do povo, deu o último
adeus ao grande amigo da pobreza.
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