Fernando Antonio Lima Cruz - Mombaça-Ce
Com
a deflagração da greve nacional dos bancários, que
lutam por melhores salários e estabilidade no emprego, e a recessão
econômica que assola o País, o Brasil entra, assim, numa
crise sem precedentes, só igualável aos momentos que antecederam
o golpe militar de março de 1964.
Naqueles
idos, as greves e as manifestações populares (como a “Marcha
da Família com Deus Pela Liberdade”, encabeçada pela
TFP - Tradição, Família e Propriedade - entidade
que tem como preceitos o respeito à propriedade privada, sendo,
portanto, anti-Reforma Agrária e a propaganda anticomunista, financiada
pelos latifundiários e órgãos de direita) desestabilizaram
o Governo de João Goulart que pretendia realizar uma Reforma Agrária
abrangente e a nacionalização das multinacionais existentes.
Além disso, outro fator proeminente para a derrubada de Jango foi
a ameaça que o Brasil se tornava para os interesses dominantes
dos Estados Unidos sobre a América Latina. Portanto, Jango foi
deposto não pelos defeitos, mas por suas virtudes: não se
curvou ante a supremacia americana. Torna-se evidente a participação
ideológica e o total aparato dos Estados Unidos ao movimento golpista
de março de 1964.
Hoje,
o País se encontra numa grave crise política e econômica,
num momento que já se encaminha para a desestabilização
do Governo Sarney, devido à descrença do povo à Nova
República, depois de tantas frustrações ocasionadas
pelos compromissos descumpridos, como a Reforma Agrária descompassada
que se arrasta com ineficiência e lentidão e a Constituição
que ora se alumia como conservadora e representativa das classes dominantes
do País.
*Publicada
na seção Cartas, do jornal Diário do Nordeste (Fortaleza-Ce),
em 09/04/1987.
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