CARTAS
ÉTICA
E MORALIDADE* / VELHAS PRÁTICAS**
Fernando
Antonio Lima Cruz - Fortaleza-Ce
Em
1986, com a eleição do sr. Tasso Jereissati para o governo
do Estado do Ceará, imaginávamos que todo o processo eleitoral
nefasto através de uma política clientelista, administrações
públicas municipais corruptas, prefeitos eleitos por meios fraudulentos,
votos conquistados através de ameaças ao eleitor e/ou favorecimentos
ilícitos (compra de votos) por meio de dinheiro, troca de favores
ou oferta de objetos os mais diversificados e de insignificantes valores
monetários como colchões, sacos de cimento, dentaduras (pasmem),
etc. chegaria ao fim e iniciaríamos uma nova era onde as pessoas
e as propostas seriam os pilares básicos para a escolha, através
do voto soberano e democrático, de nossos governantes.
Há
de convirmos que houve uma substancial e alentadora melhora através
de uma tentativa de moralizar a classe política com a fiscalização,
apuração e punição de políticos mal
intencionados que utilizaram indevidamente os recursos públicos.
Mas,
infelizmente, em alguns municípios o futuro e os novos tempos de
ética e moralidade administrativa ainda não chegaram. Os
preceitos éticos e morais são relegados a segundo plano
e prevalecem os velhos vícios clientelistas perpetrados pelos resquícios
de “coronéis do sertão” em plena era da tecnologia,
da informação e do conhecimento.
Mombaça,
situada a 310 km de Fortaleza, na região sertão central
do Estado, não foge à regra quando se trata de políticas
clientelistas. Por falta de informação e de conhecimento
a população não sabe o significado de uma boa administração,
não conhece o modelo administrativo perfeito ou pelo menos viável
guardadas as devidas proporções. Há uma ausência
total do que há de mais trivial numa administração
ética e transparente e do que a população almeja:
educação, saúde, trabalho e segurança.
No
limiar de mais um milênio o futuro e nem o presente chegaram à
Mombaça. O único caminho é a educação,
para que as futuras gerações se moldem na decência,
na moral e na ética. Algumas vezes o aprendizado é um caminho
tortuoso e a experiência dos erros atualmente cometidos servirá
de ensino para uma Mombaça melhor. Somos sertanejos bravos, como
o cacto que resiste às intempéries. Somos um povo forte,
que tem muito a aprender. Que todos nós sejamos co-gestores da
administração pública municipal: fiscalize, denuncie
e participe.
*Publicada
na seção Do Leitor, do jornal Diário do Nordeste
(Fortaleza-Ce), dividida em duas partes: Ética e moralidade (23/10/2000)
e Co-gestores (25/10/2000).
**Publicada
resumidamente na seção Cartas, do jornal O Povo (Fortaleza-Ce),
em 24/10/2000.
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