CARTAS
PRESIDENCIÁVEIS*
Fernando
Antonio Lima Cruz - Mombaça-Ce
Com
os resultados das pesquisas de opinião pública vê-se
o risco que o país corre com o perigo de ser entregue a um aventureiro,
que com idéias mirabolantes, encarnando o salvador da pátria,
pretende chegar à Presidência da República.
Em
1960, na última eleição presidencial, os brasileiros
elegeram Jânio Quadros para o mais alto cargo do país. Autodenominando-se
“o homem da vassoura”, com a qual varreria os corruptos e
seus atos impuros, Jânio frustrou o Brasil ao renunciar após
sete meses de Governo, por motivos até hoje inexplicados, acendendo
o estopim da crise que culminaria no golpe de 31 de março de 1964,
dando início à ditadura militar que durou 21 longos e penosos
anos.
Hoje,
como se retrocedêssemos no tempo, temos um novo moralizador, semelhante
a um personagem de telenovela que, num passe de mágica, irá
resolver a situação atual do país. Fernando Collor
de Mello é uma cria da ditadura militar, e hoje, amparado por oportunistas
de ocasião que ainda não sucumbiram com o fim da ditadura,
se reveste da aura de mito, com discursos populistas e enganadores.
É
um engodo que o país terá de suportar, caso seja concretizado
nas urnas o resultado das pesquisas de opinião. E assim ficará
comprovada a célebre frase de Pelé: “O brasileiro
não sabe votar”.
*Publicada
na seção Cartas, da revista Visão, Ano XXXVIII, Nº
43, p. 13, em 25/10/1989.
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