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ENFOQUE

UM APELO A QUEM SE DISPONHA A OUVIR

 

Raugir Lima Cruz*

Talvez a quem eu me dirija nunca venha a ler esse escrito, contudo, me resta fazê-lo em nome dos que buscam a Justiça como a última ratio, último lugar a derramar as esperanças de ter solucionadas as suas pendências.

Necessário se faz bradar o mais alto possível como o canto dos “sem vez” e “sem voz”, dos desprezados pela vida, daqueles cujas estradas são pavimentadas com pedras e espinhos, daqueles que não tiveram a melhor sorte de usufruir das melhores escolas e universidades, diferentemente dos que hoje sentam no “olimpo” dos tribunais.

Por certo por trás do calhamaço de papel dos processos existem pessoas de carne e ossos, de coração e alma, que sonham guiados por um fio de esperança, em que pese os sofrimentos, as angústias, as dificuldades insistirem em destruir a fé nas pessoas, nas instituições e na própria vida.

Já em 1921 na sua “Oração aos Moços” o grande Rui Barbosa já falava que “A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta”. Portanto senhores, nada mais atual que este alerta. A justiça tardia chega a ser, para Rui Barbosa não só uma injustiça “normal”, mas na verdade uma injustiça pior, agravada pela demora temporal.

Lamenta-se ver a via crucis das pessoas, as mais necessitadas, gastando o precioso tempo e os recursos escassos dirigindo-se aos Fóruns para audiências que não ocorrerão e serão remarcadas para datas futuras que por sua vez também serão remarcadas para outras datas, situação que se repete continuamente sem que se atenha a situação daquelas pessoas carentes, sem que se tenha um resquício de solidariedade já que não se pratica o respeito.

Quando não, processos se arrastam meses, anos a fio, muitas vezes arquivados pela chegada do ocaso da vida das partes, que fechando os olhos e descansando o corpo frio sob o peso da terra que lhe foi mãe (ou madrasta) já não precisam das leis terrenas.

Necessário se faz um exame de consciência, para que os corações se abrandem, se revistam de humildade, desçam dos pedestais (que podemos comparar a sepulcros caiados), que se dispam do tolo orgulho diante das mazelas e sofrimentos do povo, que não matem o já tênue fio de esperança na justiça.

Assim não sendo, a expressão criada pelo Desembargador aposentado Kazuo Watanabe - “Litigiosidade Contida” será a regra, já que as pessoas por considerarem difícil, demorado ou inútil buscar o Poder Judiciário, terão os conflitos sem solução ou buscarão resolvê-los por conta própria, o que se tornará um perigo para a paz social.

Por fim rogo a Deus, que ilumine os jovens que visam para futuro pessoal à magistratura, que assim o façam por vocação e não por status, de outra forma estaremos definitivamente perdidos.

(Publicado no jornal Folha de Mombaça, Ano XLI, nº 195, Novembro/2017).

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*Raugir Lima Cruz. Oficial de Justiça da Comarca de Quixelô-CE. É mombacense de Senador Pompeu, Ceará, onde nasceu no dia 15 de janeiro de 1966, filho de Etevaldo Lima Cruz e de Francisca Zeneida Lima Cruz. Graduou-se em Pedagogia na Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu - FECLI. É bacharel em Direito e pós-graduado em Direito Penal e Criminologia pela Universidade Regional do Cariri - URCA. Obteve o 2º lugar no Concurso Literário Rachel de Queiroz, promovido em 2006 pelo Fórum Clóvis Beviláqua em comemoração aos 30 anos da sua biblioteca, com a crônica Respingos da estrada em dez atos. A sua crônica foi publicada na coletânea “Sertão: olhares e vivências” com os dez trabalhos classificados no referido concurso. No dia 18 de dezembro de 2007 recebeu o título de cidadão quixeloense concedido pela Câmara Municipal de Quixelô. É autor dos artigos "Uma análise principiológica e legal das interceptações telefônicas: a produção probatória à luz do princípio da proibição da proteção deficiente", publicado na edição nº 87, ano XIV, abril/2011, da Revista Âmbito Jurídico e “A aplicação da Willful Blindness Doctrine na Lei 9.613/1998: A declaração livre e a vontade consciente do agente”, publicado no volume nº 9, edição 2011, da Themis, revista científica da Escola Superior da Magistratura do Estado do Ceará (ESMEC).



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